• O Inquérito Nacional de Saúde LGBT+: metodologia e resultados descritivos Methodological Issues

    Torres, Juliana Lustosa; Gonçalves, Gabriela Persio; Pinho, Adriana de Araújo; Souza, Maria Helena do Nascimento

    Resumo em Português:

    A compreensão das demandas de cuidados de saúde e das possíveis barreiras ao acesso pode apoiar a formulação de políticas e as melhores práticas voltadas para a população de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e identidades relacionadas (LGBT+). O Inquérito Nacional de Saúde LGBT+ teve como objetivos caracterizar a população LGBT+ durante a pandemia da COVID-19 e especificar as características da pandemia da COVID-19 nessa população. Este é um estudo transversal online com uma amostra de conveniência de 976 indivíduos identificados como LGBT+ com idade 18 anos ou mais, no Brasil. O inquérito permite a investigação da sexualidade, discriminação, homofobia interna, comportamentos relacionados à saúde e acesso a cuidados de saúde. O inquérito adota um arcabouço conceitual (p.ex.: ferramentas e medidas validadas) comum a outros estudos epidemiológicos, o que permite comparações. O artigo descreve a metodologia do inquérito, alguns resultados descritivos e indicadores de saúde selecionados, em comparação com a Pesquisa Nacional de Saúde. A maioria dos participantes era do Sudeste (80,2%), com média de idade de 31,3 (± 11,5 anos). Com relação à COVID-19, 4,8% testaram positivos. As taxas de episódios semanais de discriminação (36%) e de prevalência de depressão (24,8%) eram altas na população LGBT+ brasileira, o que destaca a saúde mental e a homofobia como preocupações no contexto LGBT+ durante a pandemia. Embora tenha transcorrido uma década desde a implementação da Política Nacional de Saúde Integral LGBT, ainda é necessário treinamento de profissionais de saúde para oferecer serviços adequados. O conhecimento das demandas específicas de saúde nesse grupo pode orientar melhores práticas centradas na pessoa, promover ambientes de acolhimento de minorias sexuais e contribuir para maior equidade durante a pandemia.

    Resumo em Espanhol:

    La compresión de las demandas de cuidados de salud y las posibles barreras de acceso a los mismos pueden apoyar en la creación de políticas y realización de mejores prácticas, enfocando a la población lesbiana, gay, bisexual, transgénero e identidades relacionadas (LGBT+). Los objetivos de la Encuesta Brasileña sobre la Salud LGBT+ fueron caracterizar a la población LGBT+ durante la pandemia de COVID-19 y especificar las características de la pandemia COVID-19 en esta población. Se trata de un estudio transversal en línea, con una muestra de conveniencia de 976 individuos brasileños identificados con el colectivo LGBT+, con una edad comprendida entre 18 años o más. Permite investigaciones de sexualidad, discriminación, homofobia interna, comportamientos relacionados con la salud, y acceso a cuidados de salud. El estudio adopta un marco conceptual común (p.ej., herramientas validadas y medidas) respecto a otros estudios epidemiológicos, permitiendo comparaciones. Expusimos la metodología de estudio, algunos resultados descriptivos, así como indicadores de salud seleccionados comparados con la Encuesta Nacional de Salud. La mayoría de quienes respondieron eran originarios de la región sureste (80,2%), la media de edad fue 31,3 (± 11,5 años). Respecto al COVID-19, 4,8% dieron positivo tras las pruebas. Tanto los episodios semanales de discriminación (36%) y prevalencia depresión (24,8%) fueron altos entre la población LGBT+ en Brasil, resaltando la salud mental y la homofobia como principales preocupaciones en el contexto LGBT+ durante la pandemia. A pesar de que ha pasado una década desde la institución de la Política Nacional de Salud Integral LGBT, sigue siendo necesario un entrenamiento apropiado de profesionales de salud para ofrecer servicios adecuados. El conocimiento de las demandas específicas de salud de este grupo puede llevar a mejores prácticas centradas en estas personas, promover contextos de alta aceptación de minorías sexuales, así como contribuir a una equidad más alta durante la pandemia.

    Resumo em Inglês:

    The understanding of health care demands and possible access barriers may support policymaking and best practices targeting the lesbian, gay, bisexual, transgender, and related identities (LGBT+) population. The aims of the Brazilian LGBT+ Health Survey were to characterize the LGBT+ population during the COVID-19 pandemic and to specify the characteristics of the COVID-19 pandemic in this population. This is a cross-sectional online study, with a convenience sample of 976 individuals identified as LGBT+, aged 18 years or older from Brazil. It allows investigations of sexuality, discrimination, internal homophobia, health-related behaviors, and health care access. The study adopts a conceptual framework (i.e., validated tools and measures) common to other epidemiological studies, allowing comparisons. We describe the study methodology, some descriptive results, and health-selected indicators compared with the Brazilian National Health Survey. Most of the respondents were from Southeast Region (80.2%), mean aged 31.3 (± 11.5 years). Regarding COVID-19, 4.8% tested positive. Both weekly episodes of discrimination (36%) and depression prevalence (24.8%) were high among the LGBT+ population in Brazil, highlighting mental health and homophobia as major concerns in the LGBT+ context during the pandemic. Although a decade has passed since the institution of the Brazilian National Policy for Comprehensive LGBT Health, appropriate training of health professionals to offer adequate services is still needed. Knowledge of the specific health demands of this group might guide person-centered best practices, promote sexual minority high-acceptance settings, and contribute to higher equity during the pandemic.
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@ensp.fiocruz.br